segunda-feira, 31 de julho de 2017

A Crown of Swords

O oitavo livro da série Wheel of Time me pegou meio desprevenido. Depois de sete livros extremamente sóbrios e sérios - afinal trata-se de uma história à beira de um apocalipse eminente - A Crown of Swords trouxe um elemento inusitado à série: Humor.

Não que se trate de uma comédia do início ao fim, mas esse livro é tão carregado de humor, tendo uma certa leveza ao longo de toda sua narrativa. Ri alto durante várias passagens, e depois de ter terminado o livro as vezes ainda me vinha um sorriso quando lembrava de uma ou outra passagens particularmente divertida.

Essa leveza na narrativa teve um lado negativo, no entanto - algo que eu venho notando nos últimos dois ou três livros na verdade: Apesar de terem excelentes capacidades de viagem e de comunicação, os núcleos distintos da história simplesmente insistem em não se comunicar de forma apropriada, ou de forma alguma, em alguns casos, o que é extremamente irritante. Apesar de poderem ser extremamente claros e diretos, os personagens (mesmo aqueles que se conhecem desde a infância) escolhem ter conversas cheias de meias informações e desconfianças sem sentido, o que faz com que a maioria das informações passadas de um grupo pra outro sejam mal compreendidas e mal entendidas, o que é extremamente frustrante. Além disso, apesar de serem capazes de divisar planos extremamente intrincados e perceber tramoias rocambolescas com uma clareza espantosa, esses mesmos personagens não são capazes de perceber as informações contidas nas meias-palavras uns dos outros (novamente, estamos falando de personagens que se conhecem desde a infância) o que faz com que informações pouco relevantes sejam sabidas com presteza por todos, mas as informações relevantes se mantém fora do alcance dos protagonistas. Admito que essa maneira de manter as informações longe do alcance de quem deveria saber sobre elas é, depois de um tempo, algo que incomoda. Jordan força um pouco a barra pra que a desinformação geral se mantenha, enquanto inclui novos meio de comunicação e deslocamento que, se usados de qualquer maneira minimamente inteligente, já teria desfeito a maioria dos nós da trama.

Ah, sim, isso poderia atrapalhar o andamento da história, alguém pode pensar. Não, não atrapalharia. A maioria dos personagens têm intenções bem claras e planos bem traçados, que não seriam, de forma alguma, atrapalhadas se essas informações fossem passadas de modo claro. Acabaria com algumas sub-tramas, fato, mas ao mesmo tempo ajudaria a história principal à ir adiante de forma menos bagunçada. Isso porque cada uma dessas desinformações cria um novo núcleo de personagens completamente novo e, eu preciso admitir, dentro de um universo com mais de 100 personagens relevantes, no momento, eu as vezes preciso escutar um determinado capítulo duas vezes ou mais, e deixar o áudio de lado enquanto procuro informações sobre um determinado personagem que "oh, sim, tem um papel relevante pra esse núcleo, como nós vimos quatro livros atrás"- mas que eu não lembrava mais do nome.

E sim, se isso soa um pouco como tramas rocambolescas de novela da globo, é porque, em alguns casos, parece mesmo.

Mas esse é, na verdade, o único problema em uma série de livros que, de outra forma, é absolutamente magistral. Jordan consegue resolver as tramas e sub-tramas que cria de uma maneira que eu não consigo sequer começar a descrever, e desenvolve uma quantidade de personagens interessantes de forma tão fascinante que faz qualquer Mestre de RPG ficar vermelho de vergonha.

Apesar dessa pequena falha, que vem afetando a série já alguns livros, e não apenas nesse especificamente, A Crown of Swords é uma excelente leitura. Um capítulo leve em uma série de livros pesados, cheios de intrigas palacianas que fazem Game of Thrones parecer brincadeira de playground da primeira série e com um clímax incrível - como é comum aos livros dessa série, até aqui. Definitivamente uma divergência de estilo muito bem-vinda!

Como sempre no que diz respeito aos livros de Jordan, leitura fortemente recomendada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário