quinta-feira, 5 de maio de 2016

O Guia do Mochileiro das Galáxias e O Restaurante no Fim do Universol

Apesar de ter lido a trilogia original do Guia do Mochileiro das Galaxias há alguns anos atrás, isso foi antes do início da existência do Café com Letra, e eu achei que era hora de reler os livros pra fazer a devida homenagem aqui no blog - na verdade, os livros ficaram me tentando na estante por alguns dias, por um desses motivos insondáveis da psiquê humana, e eu acabei decidindo reler os miseráveis.

Eu ia escrever uma única resenha para a trilogia original inteira - e separar apenas o Até Mais, Obrigado Pelos Peixes e Praticamente Inofensiva em resenhas separadas - mas quando cheguei no final do Restaurante no Fim do Universo, fiquei com uma sensação que se a história tivesse terminado ali, estaria de bom tamanho - o que não acontece no fim do primeiro livro. 

De fato, uma das coisas mais notáveis no Restaurante no Fim do Universo é o tom sóbrio, quase melancólico e extremamente filosófico que o livro apresenta perto do fim. O encontro com o homem que rege o Universo e as interações de Arthur e Ford com os Golgafrinchanos na terra pré-histórica são cheios de reflexões e muito menos da comicidade nonsense que o resto dos dois primeiros livros apresentam. 

Alias, outra coisa notável ao longo da história é que Adams para de usar termos "técnicos" que não fazem o menor sentido (que recheiam o primeiro livro de forma quase irritante) e passa a usar terminologias que, mesmo sendo absolutamente esdrúxulas, fazem todo sentido dentro de si mesmas, dentro, é claro, da lógica distorcida do próprio cenário dos livros. A mesma lçógica aparentemente se estende ao terceiro livro, e parece que Adams para de simplesmente soltar termos pseudo-científicos de modo aleatório e passa a pensar um pouco mais em criar uma concisão nessa parte do cenário a medida que os livros avançam. É pena que ele não tenha dado meia volta e reestruturado seus primeiros termos técnicos também, o que teria aumentado o prazer de tentar entender a lógica por trás de nomenclaturas bizarras ao invés de simplesmente pular elas depois de perceber que elas obviamente não fazem sentido algum. 

Ah, sim, eu deveria falar sobre o conteúdo do livro, certo? Bom, não. Todo mundo conhece a história do Guia, imagino eu, mesmo porque, até um filme (que eu não vi) tentou adaptar a obra pro cinema. Mas ok, dá pra fazer um resumão: Nos idos da década de 1980 a terra foi demolida pra dar lugar pra uma rota de trânsito espacial, e só dois humanos sobreviveram à isso: Arthur Dent, que pegou uma carona com um amigo seu que era na verdade um náufrago galático na Terra e Trillian, que saiu do planeta meio ano antes do seu fim por ocnta de uma carona do presidente galático, Zaphod, que eventualmente rouba uma nave com motores de improbabilidade e acaba reunindo todos os quatro personagens em busca de.. Bom, é difícil saber o objetivo deles, na verdade. Os planos de Zaphod - o "líder" da tripulação - são tão bizonhos que eles param de fazer sentido a medida que são colocados em movimento. De fato, o livro é, basicamente, uma sucessão de acontecimentos mais ou menos aleatórios que empurram Arthur de um lado pro outro durante a trama, aparentemente ser haver um grande plano por trás, apenas uma infinita sucessão de sub-plots. Essa completa falta de objetividade, no livro, é, pra mim, o ponto forte da história. Ela passa um sentimento permanente de "que porra vai acontecer agora?" Algumas coisas que acontecem são muito divertidas, outras, nem tanto, mas ainda assim, dentro da narrativa frenética do livro, tudo fica extremamente divertido de ler. 

Outras coisas interessantes de se notar no livro são as amarradas de ponta completamente inesperadas. Um evento completamente aleatório em algum momento - que parecia só uma piada absurda naquele momento - acaba por se tornar um evento que efetivamente tem uma continuidade em algum outro momento da trama. É meio assustador pensar em como Adams mantinha controle sobre a quantidade de bizarrices que ele estava escrevendo! 

O final do Restaurante no Fim do Universo termina com uma sensação de fim de história, e teria sido um fim interessante pra uma história divertida. Como o Guia não é exatamente um livro universal - a falta de uma trama mais complexa ou, na verdade, a inexistência de qualquer tipo de linearidade, que afinal de contas é uma obra de humor nonsense - pode facilmente frustrar alguns leitores. Além disso, é de conhecimento geral que os últimos dois livros da Trilogia de Cinco não tem a mesma qualidade dos primeiros três - eu ainda não sei, já que não li esses dois. Considerando isso, acho que ler os dois primeiros livros, apenas, é uma opção para aqueles que considerarem a leitura um pouco, digamos, pesada - já que roteiros nonsense são extremamente cansativos de acompanhar por muito tempo. 

Claro, pra quem gosta de nonsense, é um prato cheio! 

Praqueles procurando um pouco de variação na rotina de leitura, recomendo fortemente! 

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