segunda-feira, 9 de março de 2015

Xógum - Tomo 1

Depois de ler Ninja, que me agradou bastante, fui atrás de outros livros que falassem de cultura japonesa. Numa conversa sobre o assunto com o Oscar, lá da Montecristo, ele me indicou esse livrão em dois tomos enormes, de 700 páginas cada um,  que é considerado uma das melhores obras em termos de retrato do Japão feudal e seus costumes.

Comprei os livros e   comecei a ler o tomo um. No meio da leitura, muito divertida, alias, resolvi fazer algumas pesquisas sobre a obra e o autor. E descobri muitas coisas interessantes!

Assim, apesar dos dois livros formarem uma única história fechada - não dá pra ler um sem ler o outro - decidi fazer duas resenhas sobre a obra: essa primeira trata principalmente do autor e da 'história por trás da história' do livro, e a próxima vai falar sobre a história em si. 

Primeiro, vamos conhecer o autor, porque vale bastante a pena. O senhor Clavell, antes de começar a escrever livros (e filmes), foi soldado da Royal Australian Navy. Em 1940, com 19 anos, ele foi mandado para lutar na Malásia Britânica, onde foi ferido por uma rajada de metralhadora e acabou sendo capturado pelos japoneses e enviado para a prisão de shangi, em singapura, onde ficou preso por três anos - esse evento, alias, rendeu um livro chamado King Rat. Ele acabou sendo resgatado por outro prisioneiro de guerra (que ele usou como modelo para seu personagem "King", em King Rat) e voltou a ativa no exército, como capitão. Um acidente de motocicleta em 1946 acabou com a carreira dele no exército, e o fez engressar na Universidade de Birminghan, onde encontrou uma atriz que mais tarde se tornaria sua mulher, e começou a escrever. 

Bom, em 1953, ele e a esposa emigraram pros Estados Unidos, depois de Clavell já ter escrito alguns livros (dos livros dele, eu só tinha ouvido falar do Tai-Pan, mas ele escreveu mais uns 10 livros, incluindo uma versão d'A Arte da guerra do Sun-Tzu), ele começou a escrever filmes. Além de Ao Mestre com Carinho, uma adaptação do livro semi-autobiográfico de E. R. Braithwaite e outros 13 outros filmes e mini-séries (incluindo adaptações muito bem-sucedidas de seus próprios livros) ele também escreveu o roteiro d'A Mosca! 

Pois é, o cara era bom em escrever boas histórias!

No caso de Xógun, em particular, Clavell criou um romance baseado em um evento real, a Batalha de Sekigahara, que deu início ao shogunato Tokugawa, que durou 265 anos e foi conhecido como Era Edo, tendo terminado em 1868 com a famosa Restauração Meiji (Samurai X, alguém?). Apesar da romantização e dos nomes terem sidos todos alterados, a maioria dos eventos refletem acontecimentos reais que antecederam a Batalha de Sekigahara, incluindo a presença de John Blacktorn, que é baseado no navegador inglês Willian Adams, o primeiro Inglês à chegar ao Japão e o primeiro ocidental a se tornar Samurai.  

A pesquisa de Clavell foi tão precisa e minuciosa, que, auxiliada por sua experiência em Singapura tornaram Xógum uma espécie de enciclopédia para os costumes japoneses, na época em que foi escrito. Como estamos lidando com um protagonista ocidental que não fala lhufas de japonês e nunca tinha pisado na Terra do Sol Nascente, tudo tem que ser minuciosamente explicado para ele (e, por consequencia, ao leitor) sem requerer "forçações de barra" pra tudo ser tão explicadinho. E o livro é realmente uma aula: ensina os costumes do Japão, formas de tratamento, política, estruturas sociais pública e privada e até práticas sexuais. Além disso, Clavell cria uma trama extremamente intrincada (me tomou três semanas ler esse primeiro livro, por conta das idas e vondas que precisei dar pra entender o que estava sendo explicado, principalmente porque tem um monte de nomes japoneses pra decorar no meio do caminho (de cabeça eu consigo lembrar de uma dúzia sem fazer esforço, agora que já li todo o primeiro tomo). Dá até pra aprender umas palavrinhas em japonês no meio do caminho - o que me fez querer voltar a aprender Japonês, alias. 

Enfim, acho que essa é, por cima, a história por trás da hist´ria. Na próxima resenha (daqui há umas duas ou três semanas...) vou falar da trama do livro em si. Mas mesmo só tendo lido o primeiro tomo, posso garantir que o livro é muito bom e extremamente divertido de ler! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário