quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Os Oceanos de Vênus

Achei esse livro numa das minhas recentes visitas à Montecristo. Faziam dois meses que eu não colocava meus pés lá, e enquanto passeava pelo lugar - quase num tipo de ritual pra reconhecer o terreno, como quando a gente faz perguntas corriqueiras e sem importância pra um amigo que não vemos há muito tempo - enxerguei um livro com um grande ISAAC ASIMOV na lombada. Puxei, e, não reconhecendo o título, dei uma rápida folheada pra verificar se não era um livro de contos. Não era. E ainda era bem curto. 145 páginas. Certamente serviria como uma ótima leitura pré-sono.

Admito que, quando comecei a ler, me decepcionei. A narrativa era lenta, com irritantes "Lucky Starr falou:", "Lucky Starr perguntou:", "Bigman disse:", "O homem moreno disse:", "Lucky starr respondeu:" antes de cada diálogo, quase como se fosse uma descrição de uma peça. Isso me fez largar o livro por quase uma semana, logo depois do primeiro capítulo. Eu tinha alguns livros de história pra ler, então podia tentar ele outra hora. E uma semana depois, lá fui eu de volta pro livro.

Vencidos os primeiros dois capítulos, que eu considerei irritantemente arrastados, por conta da narrativa estranha, o livro começou a ficar interessante. É um mistério passado em uma Vênus oceânica, onde cidades subaquáticas em forma de domo são morada dos humanos naquele planeta. Há um prefácio no livro (que depois descobri que vem sendo adicionado à todas as reimpressões desde 1978) explicando que, quando o livro foi escrito (em 1953!) acreditava-se que Vênus fosse realmente um planeta coberto por água, então não, Asimov não estava sendo displicente em suas pesquisas, apenas não tinha dados concretos sobre o assunto e especulou.

Mas voltando à história em si:

O livro é bastante "Sherlockesco" no que diz respeito à solução do mistério. Pistas são deixadas ao longo do livro, e o leitor pode ir concluindo certas coisas em conjunto com Lucky Starr, o nosso herói. O problema é que isso demora bastante à ficar óbvio. Ora, como é que o leitor vai saber que os hábitos alimentares dos sapos venusianos não são amplamente conhecidos por todos no sistema solar, em um universo onde as viagens interplanetárias são comuns? É preciso esperar que algumas dessas dicas com relação à realidade específica do cenário nos sejam entregues para que possamos começar a juntar fatos por nós mesmos. epois disso, descobrir os mistérios e levantar suposições fica bastante interessante, e a história completamente estapafúrdia (envolvendo computadores portáteis de 12 quilos, moda venusiana, sapos de seis patas e um bocado de vaselina) começa a ficar simpática.

Ainda prefiro os livros de mistérios de Conan Doyle e os livros de ficção sessão-da-tarde de Poul Anderson, mas definitivamente esse livro de Asimov - parte de uma série, pelo que me disse o Oscar lá da Montecristo - definitivamente faz uma ótima mistura dos dois elementos.

Apesar das ressalvas - com relação à narrativa meio bizonha do primeiro capítulo e a falta de conhecimento sobre o saber comum do cenário - é um livro que vale a leitura.

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