terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A Flecha Negra


Esse livrinho é uma dessas versões para adolescentes acéfalos que bombardeou o Brasil durante as décadas de 80 e 90. Uma "edição juvenil", com o que me pareceu uma tradução bastante pobre de um livro de um ilustre senhor conhecido como Robert Louis Balfour Stevenson. Se o nome não liga um botão mental naqueles que estiverem lendo isso, por favor, dirijam-se ao link fornecido e verão que, certamente, já assistiram algum filme que foi adaptado de uma obra desse sujeito, se não leram nada dele. Na pior das hipóteses, certamente já ouviram falar em alguns dos seus personagens.

Mas não foi por causa do autor que comprei esse livro. Nem da história nele (livro, não autor) contida. De fato, considerando que as palavras "Juvenil", "tradução" e "adaptação" estão presentes na capa, eu já sabia que o conteúdo literário do livro seria de pouco interesse.

Mas, pra não dizer que não falei das flores, a história gira em torno de um Dick Shelton que, durante o curso da história - cujo pano de fundo é a Guerra das Rosas - resgata um rapaz que na verdade é uma lady em apuros, é aprisionado por seu teórico benfeitor, junta-se à um grupo de renegados que na verdade são os heróis da história, é enganado e manipulado por praticamente cada personagem que encontra (incluindo seus amigos, seu padre e sua futura esposa) até que, enfim, consegue vingar a morte do pai, casa com a supracitada lady e tem um final feliz.

Mas eu não comprei o livro por causa da história. Como já disse, considerando as palavras-chaves na capa, eu sabia que o livro não ia prestar muito como leitura. Comprei o livro por causa das ilustrações.

Infelizmente, o ilustrador não é creditado - muito agradecido, Editora Globo! - e eu não consegui descobrir o nome do sujeito, que não assina os trabalhos e de que eu não consegui reconhecer o traço. Numa busca pela rede, não achei nenhuma menção à  essa edição em particular - tive inclusive que scannear a capa e as ilustrações que usei nessa resenha - e muito menos sobre quem seria o ilustrador. Assim, temo que só vou ter esse livro como exemplo do seu excelente trabalho, seja lá quem ele for.

Por sorte, o livro é fartamente ilustrado. Praticamente cada uma das 46 página tem uma ilustração, nem que seja um daqueles desenhos de objetos que se faz pra completar m pequeno espaço em branco. Há, portanto, uma boa quantidade de exemplos do excelente trabalho do sujeito. Essa edição é praticamente um portfólio com umas letras chatas perdidas no meio.

Se alguém souber quem é o sujeito, eu agradeceria muito se me pudesse dizer.

A história em sí não me chamou atenção suficiente para tentar encontrar uma versão integral da obra, mas já achei mais dois outros livros que, acredito, são ilustrados pelo mesmo sujeito. Infelizmente, as duas edições são da mesma coleção da editora Globo, então tenho poucas esperanças de conseguir identificá-lo mesmo quando esses livros chegarem às minhas (ávidas!) mãos.

Sei que essa não é uma resenha particularmente construtiva, mas era impossível deixar de mencionar essa obra, considerando o quanto gostei do livro - apesar da história em si.

Como nota final, seria interessante ler a opinião de alguém que tenha lido a versão integral da obra para corroborar ou negar as minhas impressões sobre ela.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Queda de Atlântida Volume 2 - A Teia de Trevas

Esse livro trás a conclusão da história iniciada no volume intitulado A Teia de Luz. Como eu já esperava, o foco nesse volume é Deoris, a irmã mais nova de Domaris, que por sua vez protagoniza o primeiro volume.

Esse segundo volume é o que se poderia chamar de "o outro lado" do volume anterior. Como no primeiro, o foco principal é o relacionamento da personagem principal com seu cônjuge. Mas diferente do livro anterior, o relacionamento aqui está bem distante de um romance new age; o relacionamento de Deoris com Riveda, um mago curandeiro, é frio, abusivo e constituído de uma ambição e busca por conhecimentos - e poderes - não só perdidos como proibidos por serem considerados profanos. É basicamente, uma história de obseessão: Deoris é obcecada por Riveda assim como ele é obcecado por conhecimento.


Como não pode deixar de acontecer nesse tipo de situação, a coisa toda desanda em uma grande tra´gedia. Apesar do final acalentador - um típico final feliz - a história em sí é tensa e perturbadora. Muitas das experiências vividas pelos protagonistas não são completamente explicadas, e eu pessoalmente passei boa parte do livro sem entender qual a finalidade das ações dos personagens. Apesar de terem conseguido revelar um "grande poder" no decorrer da trama, esse poder basicamente trouxe algumas cicatrizes físicas e emocionais e levou a algumas mortes; A "moral da história" é que quem brinca com conhecimentos desconhecidos só tem à perder. Uma moral tolamente desenvolvida, já que nenhum poder real adveio de atos que, teoricamente, desencadeariam um movimento de forças imensas. Pra mim, a história toda não fez sentido algum.

Como ponto-de-partida para a saga que continua por vários livros, culminando nas Brumas de Avalon, é até interessante por explicar como (e porque) a coisa toda foi posta em movimento, mas sinceramente, a leitura não vale muito pra praticamente mais nada.

E uso a expressão praticamente mais nada porque, na verdade, esse livro me trouxe uma idéia interessante que pretendo utilizar em RPG algum dia desses. Mas ainda assim, é uma pequenina idéia, apenas.

No fim, uma história com voltas e reviravoltas, com moral besta e sem explicações sobre quase nada que é apresentado. Uma leitura frustrante e cansativa.

Só espero que a minha mãe - que vai ganhar os dois livros de presente - tenha uma impressão melhor do que a minha sobre a obra...

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os Filhos de Anansi


Achei esse livro na feira do livro de Pelotas esse ano. Preço camarada, em um sebo. Não era um livro que eu estivesse querendo muito ler, mas é um livro do Gaiman, algo difícil de achar em sebos - e sempre uma leitura que tu pode adicionar na pilha de livros pra ler sem nenhum receio.

Na verdade, quando comprei o livro, resolvi colocar ele no topo da minha lista de leitura. A maioria da minha pilha é de livros mais "densos", digamos, do que eu estava interessado no momento, e decidi dar a vez pro Gaiman.

O que eu sabia de antemão do livro é que ele não era uma das melhores obras do Gaiman, de acordo com quem já havia lido ele, e que se tratava de algo relacionado à mitologia africana, considerando o título.

Considerando isso, esperava bem menos do livro. Não tenho grandes conhecimentos sobre mitologia africana, tenho que admitir, e nem sobre cultura negra em geral, que é onde eu imaginei que o livro fosse se focar.

Bem, realmente, não é um livro magnífico. Tem uma boa história, personagens bem desenvolvidos e um toque de humor leve, nem de longe comparável à Belas Maldições, por exemplo. Tem mitologia africana, haití, USA e Londres. Tem muitos negros, uns poucos brancos, e muitas referências musicais. E tem animais, também.

E, pra ser sincero, não tem muito mais do que isso.

É um livro descontraído, aparentemente despretensioso e com uma história fácil de acompanhar. Os personagens são interessantes. Um bom livro pra ler, que me fez querer ler outros livros do Gaiman que eu ainda não li - como Deuses Americanos.

Acho que a parte mais interessante foi ler algumas expressões que eu não sei se são originalmente desse livro ou se foram apropriadas pelo Gaiman, como "tenha medo! Tenha muito medo!" e (referindo-se à como Spider, um dos personagens, preferia seu café) "-Negro como a noite e doce como o pecado."

Enfim. Um livro divertido. Pra quem quer uma leitura apenas pra passar o tempo, é muito válido.