terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Espaçonave Orion - MZ-4 Não Responde

Ficção científica. Esse foi o motivo que me levou a comprar esse pequeno livro. Imaginei que fosse um conto curto e provavelmente despretensioso, provavelmente do gênero hard-scifi, com escafabdros e sem viagens à velocidade da luz.

Me enganei redondamente.

Depois de ler o primeiro capítulo eu sabia que tinha entrado em uma daquelas séries de livros de ficção no melhor estilo Perry Rhodan. Pesquisando, depois, descobri que era quase isso.

A série Espaçonave Orion - escrita pelos mesmos autores da série Perry Rhodan - chegou a ter 145 volumes publicados em alemão. Desses, doze foram publicados no Brasil pela Ediouro. 


Basicamente, a história não tem nada de inovador. A tripulação da espaçonave Orion é a mais ousada e entrosada de todas e tem uma queda para a rebeldia. 


A tripulação é formada pelo Capitão Cliff McLane, uma versão do Capitão Kirk da Entrerprise com poucas diferenças (mulherengo, passional e competente). Além dele, a tripulação é formada por Atan Shubashi, o astronavegador, Helga Legrelle, especialista em vigilância espacial - basicamente a moça do radar -, Mario de Monti, o segundo em comando e especialista em computação e Hasso Sigbjörnson, gênio da engenharia. A esse grupo se junta a oficial Tamara Jagellovsk, agente da segurança que é colocada na nave para se assegurar que a tripulação da Orion ande na linha. É a tipica garota-bonita-sem-noção-da-realidade que só fala bobagem e cujas idéias são sempre muito ruins, mas cujas ordens devem ser seguidas.

Não, a nave não conta com um médico!



A trama básica é simplista: A Orion é colocada sob vigilância depois de uma besteira durante uma missão bem-sucedida, e é colocada "de castigo" em um ponto de vigilância num setor espacial onde nada acontece. Mas, claro, alguma coisa acontece! A estação espacial MZ-4 não responde às tentativas de comunicação, e a tripulação vai investigar. Daí temos alienígenas hostis, atos heroicos e muitas confusões. Típico livrinho "sessão da tarde". Não fiquei nada interessado em ler o resto da série... 


Em tempo: A série é da década de setenta - provavelmente tendo sido publicada até a década de oitenta - mas ainda assim eu considerei a leitura muito ruim. Muita 'linguagem técnica' pra não precisar explicar detalhes sem sentido, muitas idéias esquisitas - como a nave usar auto-propulsão gravitacional! que diabos é isso?! - e conclusões scooby-doo por todo o livro. 


enfim!

Pode ser que essa série seja um cult e eu esteja sendo precipitado em julgar a série toda pelo primeiro número, mas definitivamente a leitura não me atraiu nem um pouco. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Musicas que me fazem chorar

Mudando um pouco o foco da conversa, decidi falar um pouco sobre música.

Mas não quero vomitar meu gosto musical em ninguém, e não costumo ter interesse em ficar reverenciando o prodígio desse ou daquele músico/banda. Também não sou um grande conhecedor de música, não tenho conhecimento de teoria musical e nem conheço todas as classificações dentro de cada sub-tipo de cada categoria de música - na verdade, eu geralmente nem sei como classificar a maior parte das bandas que ouço!

Eu ouço muita música, porém. Via de regra como barulho de fundo pra trabalhar, as vezes pra ler. As vezes eu simplesmente sento com um cigarro e um café pra ouvir 'aquela' música.

E creio que todos tem aquelas músicas favoritas. Aquelas que lembrar de momentos importantes, ou que te fazem sentir de uma determinada maneira, relembrando ou incutindo um sentimento, seja por ter uma memória vinculada, seja pela musica em sí, simplesmente.

No meu caso, há cinco singelas musiquinhas que me fazem chorar.Cada uma delas por seus motivos particulares. Não são minhas músicas favoritas, e eu poucas vezes as escuto - não tenho vocação pra masoquista... - mas elas tem um lugar todo especial no meu coração.

Bueno, sem mais delongas, vamos à viagem!


Primeiro, Do The Evolution, do Pearl Jam. Não é uma das minhas bandas favoritas, e eu raramente escuto, na verdade - só quando outra pessoa bota pra tocar. Mas essa música, e esse clipe... Isolados, eles não me afetam. Mas ouvir a letra, a melodia, e ver a representação visual de todo o mal que o homem pode fazer à sí próprio... Eu choro pela minha humanidade cruel sempre que assisto o clipe.



Ayreon foi uma grata surpresa pra mim. Eu sou um fã de ficção científica, e o album Universal Migrator tem algumas excelentes faixas para 'embalar' leitura desse gênero. My House on Mars é uma delas. Infelizmente... Ela me faz chorar, e muito! Na minha opinião, essa é a música que mais perfeitamente sintetiza o sentimento de solidão. Ela conta a história do último humano que sobreviveu depois de uma grande guerra que dizimou a humanidade como um todo. Em seu leito de morte, ele reflete sobre as pessoas que o deixaram para trás, sobre as coisas que não pode vivenciar e sobre a solidão que sente. E o clipe (fanmade) é perfeito pra música.



Do mesmo album, Temple of The Cat é uma coisa linda! A voz de Lana Lane é absurdamente clara, limpa, harmoniosa. Ela é uma sacerdotisa maia indo para o templo do deus Jaguar, e está feliz. Mas nos sabemos o que acontece depois. E essa música me lembra dos deuses mortos, e de seus adoradores esquecidos. É uma ode à felicidade perdida, ao fim de civilizações e a morte da fé.
O vídeo em sí é bem ruim, mas como tinha a letra inclusa, achei válido.



I'll be my Mirror do projeto 8in8 é uma dessas músicas que te fazem pensar em todas aquelas coisas que tu é capaz de odiar em sí próprio. Na minha visão, essa é uma versão destilada e concentrada de Weird do Radiohead. Quem se identifica com aquela música, vai se identificar com essa - provavelmente!
O clipe é fanmade, e não é nada de espetacular. Mas eu tenho uma queda por desenho, então escolhi este!



Finalmente, mas não menos importante, uma música que eu 'ganhei' como uma espécie de declaração. E eu descobri, desde então, que não consigo ouvir sem chorar, imaginando se tudo isso pode mesmo ser real pra sempre, se tudo pode ser mesmo tão bom outra vez.



E assim termina essa lacrimosa viagem musical - ao menos até que novas canções sejam adicionadas à essa lista!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

V for Vendetta


Ganhei essa edição de aniversário. Ganhei de um daqueles amigos que, mesmo quando se tornam distantes, ainda parecem sempre próximos. E que só precisam compartilhar com a gente um par de cervejas pra começar a rir com piadas ruins e fazer comentários sobre as moçoilas pedaçudas que passam pela rua.

Ou falar sobre a vida, o universo e tudo o mais.

Eu já tinha lido V de Vingança alguns anos atrás, bem antes de qualquer idéia de que o filme seria feito. Na época, eu lia HQs pela história e pela arte de forma auto-contida. Uma boa HQ era uma obra que continha, em sí própria, tudo o que precisava para ser uma boa história. A maior parte das HQs pode ser avaliada assim: O universo da história é verossímil? O roteiro tem elementos necessários pra valer o papel gasto na impressão? Vale como HQ, ou os quadrinhos podiam ser simplesmente tirados e a história ficaria igual? O desenhista se ajusta ao estilo da narrativa?

A maioria.

Mas V for Vendetta é uma dessas excessões felizes à regra.

Considerando todos os elementos acima, V for Vendetta é uma boa história. Só boa. Foi isso que eu achei na época em que li pela primeira vez. O climax parece estar no lugar errado, ou não possui todo o impacto que deveria ter, e o final é um anti-clímax total. Claro, isso se considerarmos a história em seu pequeno universo auto-contido.

Mas reler essa história hoje foi uma experiência muito diferente. Porque de dez anos pra cá, eu lí muito, eu refleti muito sobre a sociedasde, eu vi e ouvi coisas. Eu envelheci, enfim. E é necessário estar velho pra entender V for Vendetta e todas as suas implicações. É preciso ser capaz de ver o quadro todo da nossa sociedade pra entender a história por completo, creio eu. E isso demanda tempo.

Mas estou divagando, penso eu.

Acho que estou ficando velho...

Enfim!

A história todos já conhecem, afinal eles fizeram um filme... Mas como eu lembrava, o final da HQ é tão completamente diferente, que a idéia toda se perde graças ao final (quase literalmente) Scooby-Doo do filme. Excesso de grandiosidade, penso eu. Em Hollywood, tudo precisa ser grandioso. Mas o final "pequeno" e "humilde" da HQ dá um gosto muito mais forte de mudança do que o final monstro do filme.

E, claro, a arte de David Loyd é muito mais espetacular que qualquer produção hollywoodiana jamais será.

É interessante (e amedrontador) observar que estamos muito próximos da sociedade da HQ, hoje. Não tenho idéia de como um autor consegue extrapolar esse tipo de coisa, mas definitivamente Alan Moore fez isso com perfeição cirúrgica. Essa não é uma HQ oitentista. É uma HQ contemporânea. E será ainda mais daqui há dez anos!

O problema todo é que eu não consigo conceber um "V" no nosso mundo...

Recomendo que todos que tenham a oportunidade de ler V for Vendetta (sim, a minha edição é em inglês; eu não sou tão preciosista a ponto de usar o nome original dos livros e HQs que leio, se eu li em português) que o façam.

Depois podemos sair e tomar umas cervejas, rir de piadas ruins e comentar sobre aquelas moçoilas pedaçudas.

E esquecer as questões sobre esse mundo que nos cerca.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Herege


E cheguei ao fim da saga de Thomas de Hookton em busca do Graal.

Diferente dos dois livros anteriores, O Herege se passa em um espaço de tempo/espaço muito curto. Apenas o inicio e o final do livro são passados em regiões/momentos distantes. O miolo do livro, a história em sí, se passa toda em uma pequena região da França onde, supostamente, o Graal esteve pela última vez em que foi visto. Creio que essa escolha de narração tão próxima, tão dia-a-dia que Cornwell escolheu para o terceiro livro, nos aproxima terrivelmente da mente de Thomas, de suas crenças e convicções. E digo terrivelmente porque ele é um maldito cristão, e a maior parte de suas dúvidas e medos são em relação ao deus da mitologia católica e sua (de Thomas, não do tal deus) relação com a igreja.

Além disso, depois de dois livros com batalhas épicas entre exércitos, que ocupavam páginas e mais páginas de descrições, neste aqui as batalhas são só pequenas escaramuças rápidas e brutais entre pequenos grupos de guardas, soldados, mercenários e bandidos de estrada.

No fim da leitura, fiquei com uma impressão de que cada um dos livros d'A Busca do Graal é uma obra completamente diferente das demais em termos de estilo e mesmo temática. Apesar de um protagonista em comum, a sensação de ler cada um dos livros é completamente diferente. Mas apesar disso, todos são bons livros, com boas histórias e narrativas competentes. Thomas me deixou com um certo amor pelo estilo de vida de arqueiro, e apesar dos personagens secundários não serem nem de longe tão carismáticos quanto aqueles d'As Crônicas Saxônicas, nem o cenário ser tão instigante e nem mesmo a busca do protagonista ser tão interessante, ainda assim a trilogia do Graal foi uma grata leitura.

Terei saudades de Thomas e Genevieve - adoro esse nome! - e até mesmo de Guy Vexille!

E que venham novos livros épicos e novos personagens marcantes de Bernard Cornwell!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Bone

Acabo de terminar de ler a versão em um volume do épico Bone (1.332 páginas! É uma monstruosidade!).

Levei cinco dias pra ler a HQ, escalonando com O Herege (a última parte da trilogia do Grall). A razão disso é uma só: Bone é viciante. É impossível parar de ler, a menos que seja realmente necessário! O segundo dos três arcos em que a edição é dividida eu lí em uma sentada, numa noite, e mandei o sono passear!
Bone foi criado, roteirizado e escrito por Jeff Smith, que contou as aventuras de Fone Bone e seus primos, o ganancioso Phoncible P. "Phoney" Bone e o completamente desmiolado Smiley Bone ao longo de 55 edições, entre 1991 e 2004. Posteriormente as 55 edições foram republicadas em 9 volumes (entre 1995 e 2004) e finalmente ganharam uma versão única, comemorando os 10 anos de aniversário da série.

Bone começa como uma história bastante inocente e despretensiosa, e, na verdade, até o meio do segundo grande arco, eu não sabia muito pra onde a coisa ia. É quando tudo começa REALMENTE a acontecer, e daí não tem MESMO pra saber pra onde as coisas vão! Tudo foi muito surpreendente pra mim, e eu não esperava nenhum dos acontecimentos do final da série. Eu ia lendo e pensando "minha nossa, e agora, como isso vai se resolver?!?"

O estilo de Jeff Smith nessa história também é uma coisa muito surpreendente. Enquanto os primos Bone são absurdamente caricatos, todos os outros personagens são muito mais elaborados e realistas. O contraste não chega à causar estranheza graças ao estilo narrativo extremamente eficiente de Smith. Ao contrário, essa dicotomia é perfeita para uma série cômica, porém heroica ao mesmo tempo.

em tempo: Todos os personagens são muito bem construídos - exceto talvez pelo vilão encapuzado, que eu achei um personagem muito sem propósito; O vilão malvado do mal que tu não chega a odiar nem acha tão mal assim - numa história que não deixa pontas soltas. É um excelente roteiro, apoiado por um desenho perfeitamente concordante.

Altamente recomendado!

Ah, e sugiro que o leitor descubra algum lugar onde ele possa encontrar quiches pra comer, porque vai bater vontade de comer quiche durante a leitura - eu pessoalmente comi três, nesses cinco dias!

domingo, 4 de dezembro de 2011

O Andarilho


Se o livro anterior tinha me deixado com a sensação de que Cornwell conseguia descrever cenas de batalha e saque com crueza suficiente pro leitor se sentir na batalha, este livro me deixou a impressão de que Cornwell é um desgraçado com impulsos sociopatas!

O livro começa muitíssimo bem, com uma descrição de batalha campal extremamente bem orquestrada, com detalhes fantásticos, e que, diferente dos ataques à cidades fortificadas do livro anterior, não perde o foco nenhuma vez. É uma descrição longa, mas em momento algum é chata. Pelo contrário, tu fica querendo ir adiante e ler, ler, e continuar lendo pra ver como os eventos vão se desencadear. Realmente bastante empolgante!

Mas daí pra diante, o leitor sofre. E sofre muito!

Eu não falo sobre a trama dos livros que resenho, então não posso ser específico, mas os acontecimentos vão indo num crescente de dor e miséria até que, em determinado ponto do livro, eu tive que parar de ler! Chorei de raiva e desespero pelo protagonista, e teve um momento que eu cheguei a pensar em desistir de terminar o livro.

O terço final do livro é extremamente tenso e doloroso de ler, e em um determinado ponto da leitura eu só queria sair de casa com uma tocha, espancar o primeiro padre que eu encontrasse e depois sair incendiando igrejas!

Mas eu segui em frente, e o final do livro for catártico. Eu ria com os dentes cerrados, e fiquei feliz de um modo extremamente sádico no último capítulo!

Enfim, as coisas não terminam exatamente mal pro Thomas, mas fica um baita gosto amargo na boca, no final do livro. Imagino que esse vai ser o sabor predominante do próximo livro...

Estou sinceramente em dúvida se vou começar o Herege sem uma pausa, ou se vou tentar algo mais leve antes de terminar a busca pelo Graal...

Não recomendo pros fracos de espírito!